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Familia Canteruccio

Uma parte da cinematográfia no Brasil

Uma história. Lá pelos idos dos anos 30, o então jovem Rocco Canteruccio, era contratado pela Byngton (empresa que na época produzia produtos elétricos e também projetores para cinema), como motorista da família dos proprietários. Como nesta atividade, Rocco dispunha de muitas horas de folga, ele passava as mesmas, fazendo diversos serviços na fábrica, e o que com mais ele se identificava era com o departamento de cinema. Foi aí que começou a sua paixão pela cinematografia, ajudando nas suas horas vagas no departamento de cinema onde era fabricado os projetores Byngton. Com alguns anos de pratica se tornou um técnico, deixando a função de motorista. Por volta dos anos 34/35 deixou a empresa e foi trabalhar como técnico na Pathé, empresa dirigida pelo Sr. Gustavo Zieglits, que fabricava os equipamentos "Solidus". Trabalhava, também, na Pathté na época, o torneiro mecânico Cosmo Lamanna, e nos escritórios o Sr. Jair. Rocco, Lamanna e Jair, sempre em recíproca afinidade, planejavam ter seu próprio negócio. No ano de 1938, Rocco demitiu-se da Pathé, e em sociedade com os dois amigos fundou a Empresa R. Canteruccio & Cia Ltda., com sede à Rua do Triumpho, (que durante muitos anos foi o centro da cinematografia em São Paulo). Em 1939 o Jair retirou-se da Empresa, que passou e ter a denominação, Canteruccio & Lamanna, com nome fantasia Empresa Cinematográfica Triumpho. Então, com ajuda de um grande amigo, o Sr. Antônio Pratici, exibidor na época na cidade de Guarulhos, eles compraram alguns equipamentos e começaram a fabricar os projetores Triumpho. A pequena indústria prosperou na Rua do Triumpho, até que em 1951, compraram em Santana - SP, de uma indústria de ampolas para produtos farmacêuticos, um imóvel com mais de 1500 m², onde montaram um novo local para fabricação dos seus equipamentos, ficando na Rua do Triumpho, sua loja, escritórios e o departamento elétrico onde se fabricava o som e, por algum tempo, também, uma oficina de tapeçaria. Durante essa sociedade, foi fabricado mais de 300 conjuntos de projetores e em 1955 passou, também, a fabricar os projetores para a RCA, que equipava vários cinemas na epóca. Foram fabricados, neste período, pela Triumpho alguns conjuntos de projetores 35/70mm. A Triumpho chegou a exportar alguns equipamentos para a Bolívia e Paraguai. O Sr. Rocco, permaneceu na sociedade até meados de 1975, quando se retirou, deixando em seu lugar o seu filho - Sr. Hugo Canteruccio, em companhia do Sr. Lamanna. Ao assumir o comando técnico da empresa, o Sr. Hugo constatou que as lanternas de arco voltaico (carvão) já estavam entrando em desuso, por seu alto custo de fabricação e manutenção e, com o advento da lâmpada Xenom, processo muito mais rentável e prático para o sistema em geral, decidiu, após alguns estudos, aderir ao novo processo. A Triumpho, dessa data em diante foi a primeira empresa nacional a fabricar lanternas Xenon 100% nacional. Só com as Empresas do grupo Paulo Sá Pinto e Art Filmes foram negociadas mais de 100 peças no primeiro contato. A Triumpho, que também fabricava equipamento sonoro de alta qualidade a válvulas, passou, também a atuar nos sistemas transistorizados, que demonstraram ser eficientes e, com um custo bastante reduzido e velocidade de fabricação bem maior que o antigo sistema. Em 1977 o Sr. Lamanna vendeu suas cotas ao Sr. Alysson de Faria, filho do Sr. Orion de Faria, proprietário na época da Incol. Em 1980 depois de muitas ingerências e interferências da família do Sr. Alysson, o Sr. Hugo resolveu, também vender suas cotas, tendo como comprador o Sr. Olegário de Faria, irmão do Sr. Alysson. No início do ano 1982, com o agravamento da crise no cinema e com a pouca dedicação dos novos sócios, a Triumpho encerrou suas atividades. Com sua saída da Triumpho o Sr. Hugo em sociedade com seu filho Alexandre, fundou uma empresa de fabricação de peças, consertos e manutenção de cinemas chamada Paulista Cine Eletrônica. A Paulista Cine Eletrônica através do Sr. Hugo, foi diversas vezes contratada pela Transison Cine Eletrônica do Rio de Janeiro para executar instalações do sistema Dolby Stereo, que eram importados por eles. Com a dificuldade nas importações a Transisom decidiu fabricar no Brasil, os processadores de som Dolby Stereo, tarefa confiada à Paulista Cine Eletrônica, que já havia se especializado na instalação e regulagem do sistema e serviços do gênero em quase todo Brasil, tendo instalado para a Severiano Ribeiro, som stereo Dolby, em suas salas nos principais shoppings de Porto Alegre até Manaus e, atendendo também outro número grande de exibidores independentes, em todo Brasil. Com o encerramento da Paulista o sócio Alexandre se tornou exibidor, tendo sua primeira sala na cidade de Amparo e fundando assim a AFA Cinemas. O Sr. Hugo retomou o trabalho, agora como autônomo, também auxiliando o filho Flávio que havia constituído a Empresa Nova Triumpho e anos depois, trocando de nome para Canteruccio & Canteruccio, trabalhando até meados dos anos 80 sob essa denominação. No começo da era digital, Flávio fez uma parceria com o Sr. Claudinei Mascaro, amigo de muitos anos e também um aluno de seu pai o Sr. Hugo Canteruccio, para continuar a atender os pequenos exibidores na digitalização de seus cinemas, trabalhando sob a bandeira da Cine Brasil até início de 2016. Hoje, foi constituída a FELD, empresa formada por dois sócios, Dennis Canteruccio e Flavio Canteruccio que, com muito orgulho, Flávio pode afirmar que sua família é a ÚNICA FAMILIA, no ramo da cinematografia brasileira, em sua quarta geração. ROCCO CANTERUCCIO (em memoria), HUGO CANTERUCCIO, ALEXANDRE CANTERUCCIO nos deram uma bagagem ética e moral para podermos continuar seu legado na era digital do cinema no Brasil.